Tá tiste, mamãe?
- Entre Nós blog
- 27 de nov. de 2018
- 2 min de leitura
Briguei feio com o Caio esses dias.
Ele chegou da escola estranhamente violento com a Maria que nem o estava irritando dessa vez, muito pelo contrário.
Brigamos feio e ficamos quietos. Caio tentando se distrair com os brinquedos e ainda fazendo algumas artes. Maria já tinha se isolado no quarto pra brincar sozinha longe dos tapas do irmãozinho. E eu em prantos varrendo a sala... numa mistura de choro, oração e desespero sem saber o que mais poderíamos fazer pra ele parar de bater.
De repente Caio chega perto de mim e pergunta:
- Mamãe ta tiste?
Eu respondo ríspida, com raiva:
- To sim, mamãe tá muito triste com você! Porque fica batendo na Maria e fazendo tudo que não pode!
Caio sentou no chão ao meu lado, me olhou com piedade e falou:
- Ta tiste, quer vir no meu colo, mamãe?
E me ofereceu aquele mini-colo, naquelas perninhas esticadas e miúdas ali no chão…
Eu que já tinha parado de chorar por causa da raiva, vi entre lágrimas novamente. Falei que queria sim e fiquei ali deitada no colinho dele, no meio dos farelos dos biscoitos que eu estava varrendo na sala. Pude encontrar paz e repouso no mesmo lugar onde haviam me roubado. Estava dentro do coração de Deus, no meu menino.
Foram no máximo uns 10 segundos de colo e carinho, mas nesse pequeno tempo me veio uma luz. Caio estava em período de adaptação na escolinha e especificamente nesse dia, a sua professora oficial não foi. Muita coisa pode ter acontecido com ele lá, insegurança, mudança de regras, de trato…
Caio me ofereceu seu colo porque eu estava triste. Seu problema não era comigo, nem com Maria… só estava carregando sentimentos ruins que não sabia como lidar.
Levantei do chão amando meu pequeno. Peguei uma massinha e uns bichinhos pra ele brincar e ele ficou um tempão entretido.
Pude observá-lo à distância e não parecia tão feliz, mas não queria arrumar mais confusão.
Já deitada na cama, Maria tentou fazer uma gracinha pro Caio e ele nem ligou. Maria falou baixinho pra mim:
- Às vezes Caio bate né…
Eu falei:
- Ele deve ter ficado triste na escola. Desculpa ele, tá, meu amor.
- Eu fiz de tudo mas não consegui alegrar o Caio, mamãe…
Caio escutou.
Meu menino encerrou o dia tristinho mas bem próximo da mamãe e da irmãzinha dele.
Algumas vezes não conseguimos mudar os sentimentos dos nossos filhos, mas, estar próximos ou não, é sempre escolha nossa.
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