Tathi Leite sem leite*
- Tathi Pio
- 12 de jan. de 2017
- 1 min de leitura
Fiquei sem leite… várias vezes.
Prova de que algo não estava bem dentro de mim.
Tudo bem, Tathi?
Sim, estou ótima.
E o leite mineiramente intrometido,
entrava sorrateiro na conversa e denunciava:
Ó! Sequei.
Em vão lutava com as massagens e chás.
E quando respondia os meus “tudo bem’s”,
ele pedia a palavra:
Ih alá! Sequei de novo.
Desconsolo, massagem e mais chás.
Maria com fome e a vida não para.
Tentando dar conta dos afazeres
e cobranças internas do novo ofício,
vira e mexe, num cutucão, o danado surgia:
Ei! Sequin da Silva, traveis.
Até que, um dia,
cansada das charadas sem graça do leite tagarela
no seu vai e vem,
busquei desvendar a mensagem
que ele trazia do meu interior.
E então, num segundo de sobriedade, ouvi:
Não adianta chorar sobre o leite derramado. Ou não derramado.
O corpo pedia um pouco mais
de calma e alma.
Pedia nova resposta à pergunta latejante de dentro:
“Está tudo bem?”
Sem pressa, mas com urgência,
ele me chamava a ajeitar os mínimos detalhes
da minha casa interior…
Lá fora no varal, as roupas que esperem.
Foi quando, na secura do seio materno,
saímos, por fim, essencialmente alimentadas,
filha e mãe.
*Escrito há 2 anos.
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