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Secularização da família

  • Tathi Pio
  • 22 de nov. de 2016
  • 2 min de leitura

A vida de casado e de pais muitas vezes traz consigo uma secularização do olhar para o mundo.


Confiar na providência beira o ridículo quando nos tornamos pais. Quando jovens solteiros, todavia, aventurar-se na fé era sinal de fortaleza e digno de admiração (barco a vela solto no mar). Quando casamos, as preocupações visando estabilidade pode nos cegar, ou pior, pode se disfarçar de prudência. Creio que prudência é perguntar a Deus sempre antes de fazer qualquer coisa.


Deus nos dá moradia, alimento, às vezes carro, um trabalho... e acho estranho quando de repente a gente pega pra administrá-los como algo nosso. Colocamos em todas as coisas nosso olhar de administradores, e não as enxergamos como dom efêmero que deve ser ofertado para construção do eterno.


A providência e milagres continuam existindo na vida familiar. Creio que Deus se alegra ao ser chamado a realizá-las.


Lá em casa já vi várias vezes a multiplicação dos pães; já vi o tempo parar ou andar mais depressa de acordo com a necessidade; já vi harmonia plena onde normalmente reinaria o caos; já vi curas do corpo e da alma; já vi as forças se renovarem mesmo sem o descanso.


Mas a memória de fé é curta. Às vezes parece mais fácil acreditar que as coisas devem, de fato, ser cansativas e ruins na vida familiar que acreditar que há um Deus disposto a derramar graças que não são nem pedidas.


É desafiador acreditar que Deus é superior à economia de qualquer país, superior ao chefe, coordenador, rei, presidente, esposo e filhos. Às vezes vale a pena trocar o pensamento articulista racional por uma sincera conversa com Deus. Só Ele pode administrar os bens que dá a humanidade, “mexendo seus pauzinhos”, disfarçando as providências de coincidências, enquanto caminhamos cegos na fé.


Mas não é sempre que conseguimos ter esse olhar espiritual sobre a vida. Já perdi mais tempo me preocupando em não perder o que tenho que contemplando o que ganharia. Não faço nem ideia dos presentes de Deus que não abri.


O fato é que por diversas vezes fomos socorridos pela providência e por diversas vezes nos esquecemos de recorrer a ela. Infelizmente.


Mas só de saber que ela continua a existir, um novo frescor de juventude preenche nossa alma e um vento que vem de sei-lá-de-onde impulsiona nossa barquinha pra mais distante da terra firme... Frio na barriga.


E assim meu amanhã tão previsível vira uma página em branco. Espanto.



Mas vou te falar a verdade, assim dá mais vontade de viver... Ah! E como dá!





 
 
 

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