Não quero bater*
- Tathi Pio
- 30 de nov. de 2016
- 1 min de leitura
Estou com muita raiva. Minha filha bateu novamente em mim.
Ela tem 1 ano e 3 meses e por mais que eu use as mais diversas técnicas, ela bate em mim.
E agora ela me bateu muito forte. Doeu no rosto e na alma. Duas vezes. Injustiça! Não entendi o porquê.
Se está com sono. Por que não dorme? Por que eu tenho que ser o alvo do seu mau humor? Se está emburrada, fica quieta num canto. Aprenda a lidar com seus sentimentos, menina. Todo mundo tem suas dificuldades.
Até sua mãe...
Mas ela é pequena, é minha filha e tenho que ajudá-la. Como?
Com imaturidade nem a razão consegue lidar. É irreal, não há como racionalizar um diálogo.
Não quero bater em ninguém... não quero sentir o descontrole emocional que ela sente nem quero que ninguém sinta o que estou sentindo.
Assim vou resolvendo. Usando a técnica do tempo, que sempre tudo resolve.
A dor é só minha. É no meu rosto. É na minha alma rasgada. Na minha ânsia explosiva de revidar, é deixar que uma força bem maior e sufocante me segure. É dor. É fato.
É ser ridícula pra si mesmo. É engolir seco. É chorar sozinha. É oferecer a outra face. É ser cristão. É esquecer...
É... esquecer... memória de mãe é curta.
Deixo ela em um canto. Pra ambas esquecermos a raiva da outra.
Quem disse que quem bate sofre menos do que quem apanha? Misericórdia, Senhor.
Vou inverter a ordem dessa vez. Vou me focar em amar a humanidade e por consequência amar minha filha.
E, meu Deus, como a amo!
*Texto escrito há 1 ano
Bình luận