3 dias no CTI pediátrico (PARTE #9 - final) – Não se apartem
- Tathi Pio
- 17 de nov. de 2016
- 2 min de leitura
Recebi uma mensagem da Soninha, uma senhora amiga fundadora da Comunidade Ecce Me que, rezando pelo Caio, disse que nós, eu e o Gustavo, teríamos que ter zelo para não nos apartarmos. Achei a principio estranha essa preocupação porque as mensagens que eu normalmente recebia eram votos de melhoras para o Caio. Mas com o tempo consegui entender perfeitamente o que dizia. Eu estava me sentindo tão distante do Gustavo e nem percebi. Perigo iminente.
Gustavo e eu estávamos vivendo dores diferentes. Eu no CTI com o Caio e ele tentando lidar com as coisas de casa e de sua família, e cuidando da Maria em uma séria crise de bronquite e sem poder ir pra escolinha. Mas ambos na mesma missão.
Sabe, a gente não deve subestimar ou valorizar a dor do outro. Quem passa um tempo com o filho no CTI não é mais santo que quem passa um tempo com ele em casa, saudável. Se fizerem o que deveria ser feito estão no mesmo caminho de santidade. Deus tem suas medidas. Eu estava noites sem dormir, mas creio que Gustavo sofreu mais e ele acha o contrário. Não importa. Quem sofre é digno de compaixão e respeito do outro.
Vi no CTI que a dor e sofrimento, ao mesmo tempo, que nos jogam ao chão, muitas vezes pode virar vaidade cristã.
No quarto do hospital eu descansava mais do que quando estava no CTI, mas estava estranhamente mais cansada. Sábia Soninha, bem havia dito que o cansaço vem depois...
Creio que Deus o curou. Até hoje não teve mais nenhuma crise respiratória, mas confesso que já usei muito a medicação para evitar uma possível piora. É, ainda vacilamos na fé, mas isso faz parte do processo de aprendizado de sermos pais e, simultaneamente, filhos de Deus.
Sabe, dá saudade dessa época no hospital. Não da dor, dessa eu tenho medo ainda. Mas de perceber, a cada segundo, o olhar de Deus pra mim e em mim.
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