3 dias no CTI pediátrico (PARTE #6) – Grupo de partilha
- Tathi Pio
- 8 de nov. de 2016
- 1 min de leitura
Lanchei com as mães do CTI algumas vezes. Momento único de partilhas, enriquecedor. Cada uma ia contando as dificuldades. Algumas histórias eram tão sofridas que ao invés de me motivarem, davam-me medo de passar pela mesma coisa. Sentia-me agraciada pelo caso do Caio não ser tão grave ao mesmo tempo em que temia a Deus. Um temor ruim. Situações tristes não me convertem, vejo um Deus distante e mal. Discernimentos e sabedorias colhidas do sofrimento me convertem.
Um dia partilhei na mesa sobre a passagem de Abraão e Isaac. Deus pede nossos filhos e nos devolve do jeito certo. Não tenho dúvidas de que Abraão foi um pai melhor depois de ter quase sacrificado seu filho. Dói muito. Mas é libertador saber que nossos filhos não são nossos. Caio e Maria podem pegar uma superbactéria que está no ar e morrerem no mesmo instante. Nunca depende de nós. Os pais são constantemente e eternamente pobres necessitados da misericórdia de Deus.
Uma moça partilhou que quando chegou no CTI com o filho, ela só chorava. Não entendia e questionava Deus porque ela estava passando por esse sofrimento. Um dia uma médica disse a ela o seguinte: “Que sofrimento? Que sofrimento você está passando? Você está bem, saudável, sem dores, no máximo perdendo algumas noites de sono e recuperando depois.” A partir daquele momento ela começou a cuidar do filho como uma outra pessoa. E não como parte dela. Parou de se angustiar e fazia de tudo pra aliviar o sofrimento daquele filho de Deus que nasceu de seu ventre. E ficou mais leve.
Como Maria suportou a cruz de seu filho. Sim, como Maria.
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