Deixar o emprego pra ficar em casa
- Tathi Pio
- 29 de out. de 2016
- 2 min de leitura
Não foi uma decisão fácil deixar meu emprego pra ficar em casa com meus filhos.
Nunca fui boa com cozinha, erro sempre o tempero, tenho certa preguiça de limpar a casa e pouco esmero com organização das coisas (meu marido e minhas ex-colegas de república bem sabem). Além de desatenta com prazo de contas e toda confusa pra fazer as compras no supermercado. No açougue já rendi boas risadas do vendedor quando pedi pra moer contra filé. Pois é.
Essa indigna serva, Deus chamou a ser mãe. O que uma poeta, cantora avoada faria em casa?
Escutei uma vez que o filosofo José Ortega y Gasset disse que “eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo a mim”. E foi o desafio de viver plenamente a minha circunstância que me motivou. A única coisa que desejo é viver meu presente com Deus e vi nesse convite, uma oportunidade. Cada dia seria um completo risco, aventurando-me nesse novo terreno de fé. Pra mim, estar em casa me deixaria diariamente dependente de Deus. Faria-me pequenina, humilde. Ciente das minhas dificuldades e vibrando com cada comida que não ficou salgada, com a casa arrumadinha, cada vez que venci a preguiça pra fazer o que tinha que ser feito com muita alegria. Tudo vira aventura. Hoje busco construir alegrias e sorrio primeiro, não mais vivendo da reação do que me acontece.
Não acho que todas as mães devam largar o trabalho como eu, mas acho vital (porque diz respeito à sua vida) separar um tempo pra diagnosticar com seu esposo (se tiver) e Deus o que Ele pede das suas circunstancias. O mais pleno e fiel que conseguir ou se atrever a cumprir, mais pleno será o seu processo... Não meça de acordo com suas capacidades e sempre faça uma revisão de diagnóstico. Sempre. Pois a aventura com Deus sem a gente perceber vira zona de conforto e apego.
Uma observação. Não virei exímia cozinheira, nem fiquei muito mais organizada, nem atenta com as contas a pagar.
Continuei sendo eu. E minha casa ganhou mais música e poesia dessa avoada serva, que Deus chamou a ser mãe.
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